É proibido calar! Precisamos falar de ética com nossos filhos!
O mundo está tão estranho né? Quanto mais penso em ética e nas coisas que aprendi sobre esse tema em casa e na escola, mais tenho a impressão que estamos indo para o lado errado… Parece que a ética virou artigo de luxo e pauta de um jornalismo que se surpreende com boas atitudes. Ética é básico! Pelo menos foi isso que eu aprendi. Ética é premissa de cidadania. Ser ético é o normal e não o contrário como vemos por aí nestes tempos difíceis.
Por isso o subtítulo do mais recente livro de Milton Jung me fisgou de cara. É Proibido Calar! Precisamos falar de ética e cidadania com nossos filhos. Além de um jornalista extremamente competente, craque no rádio, veículo que eu adoro – Milton ainda é gremista, o que para esta tricolor aqui já desperta um carinho especial. Mas Milton, obviamente é mais do que isso. Âncora da CBN, premiado por sua trajetória e autor de vários livros, sempre foi um modelo no jornalismo. Pois agora descobri outro Milton. O Milton pai de dois garotos. O Milton que sofre, mas tambem aprende – e quer aprender! – com a chegada dos seus meninos ao mundo adulto e todas as durezas e as belezas deste momento.
Eu também sou mãe de dois meninos e confesso que a chegada de um à puberdade e do outro à adolescência estão difíceis. Sem dúvida, de toda minha maravilhosa experiência de maternidade, tem sido esta a fase mais complexa. E olha que lembro bem da minha adolescência, dos meus medos, das inseguranças, dos meus momentos de arrogância e tudo mais. Mas se eu achava que minha adolescência havia sido difícil pra mim, hoje percebo que deve ter sido ainda mais desafiadora para quem me rodeava. É difícil para os adultos que vivem essa fase do outro lado.
“Ser pai e ser mãe atualmente é um tremendo desafio. Os meninos e meninas não apenas leem muito mais, ouvem muito mais e assistem muito mais. Eles também se atrevem a nos questionar muito mais”.
É difícil às vezes entender como o humor muda tão rápido e de forma tão drástica ou como aquele serzinho que recebeu tanto amor de ti passa a ter vergonha e não querer mais estar tão próximo. E aí, quando vemos que esta distância entre pais e filhos – normal nesta fase – acontece justamente num momento em que o mundo mais precisa de ajuda, o que fazer?
Precisamos acreditar num mundo melhor, mais justo, mais coerente. As sementes devem ser plantadas agora. E essas sementes são nossos meninos e meninas, que hoje vivem a infância e a adolescência e que têm como exemplos nós, adultos meio perdidos, inseguros. Um mundo que mudou tanto nas ultimas décadas! Novas profissões, novos modelos de trabalho, novos modelos de família… A internet à disposição de muitos. Lembra quando teu sonho de vida era casar, ter um emprego – de preferência o mesmo na mesma empresa durante toda a vida – comprar carro, casa e casa na praia? Pois isso não vale mais nada. Eles não querem mais saber dessas coisas. E se você pensar bem vai ver que isso é maravilhoso! Desapego em relação as coisas materiais, ao acúmulo, vontade de experimentar tudo. De compartilhar. De dividir.
“A pressão para que decidam agora seu futuro, perdeu o sentido porque esse futuro tende a ser desviado a cada mudança de rumo. Precisamos aprender com essa nova realidade”
Mas como fica a ética no meio desta mudança que vivemos? Aquela ética que, como sabemos, faz parte do nosso dia-a-dia. E que, como sabemos, fomos aprendendo na escola e em casa e, em boa parte, pelos bons (ou maus) exemplos de quem nos rodeava? Aqueles pequenos gestos que nos mostravam como deveríamos (ou não) agir. Respeitar as pessoas, ser generoso, pensar nos outros, pensar na comunidade e contribuir com coisas boas para a sociedade… Como passar isso para as novas gerações que não saem do celular ou video-game? Como conversar sobre isso quando o convívio com essa gurizada por vezes é bem menor que gostaríamos? Como abordar esse tema em tempos tão polarizados e duros e com tanta informação disponível?
“Nosso passado é a referência, mas não é a solução”
Como Mario Sergio Cortella diz na apresentação do livro, “para sermos justos e honestos precisamos assumir nossos deveres e para eles nos preparar melhor; temos de recusar qualquer acovardamento no exercício de nossas tarefas paternais e maternais e, acima de tudo, enxergá-las como um patrimônio vital”. Pois foi assim, movido pelo curiosidade e pela experiência – e como toda a experiência nova, carregada de dúvidas e incertezas, que Milton Jung escreveu esse livro. Segundo ele uma catarse! Momentos de muita emoção lembrando do pai que havia tido e do pai que estava sendo.
“Quando pensei em falar sobre ética com meus filhos, percebi que o diálogo era comigo mesmo”
Aqui, apesar de todo o conteúdo baseado em pesquisas, leituras e entrevistas, temos também o depoimento de um pai tentando – junto com sua esposa – criar seus filhos da melhor maneira. Como eu. E como você. Por isso esse livro é tão imprescindível! E por isso ele deve ser lido não apenas por quem tem filhos mas por todos que pensam no futuro do planeta e numa sociedade mais justa e mais ética.
“Se você não permitir que seu filho enxergue os deveres que tem como filho e os deveres que tem como indivíduo que vive em uma sociedade, ele crescerá sem entender seu papel diante dos outros”
Dividido em 8 capítulos, aborda temas interessantes como: o que é ser mãe e ser pai? E o que é ser filho e ser filha? O que é efetivamente ser ético. Nos grandes e pequenos detalhes. O que é ser cidadão e como isso pode ser importante na busca do que todos queremos: a busca pela felicidade. E isso inclui os deveres e obrigações, porque mostrando aos nossos filhos que eles têm obrigações, estamos ensinando que eles são responsáveis pelos seus atos e suas atitudes. Estamos mostrado que as coisas têm consequências. E isso, começa em casa, alertando para uma torneira aberta, desperdício de comida ou um ar-condicionado ligado sem necessidade. E que se nada for feito (inclusive por eles) isso terá consequências lá na frente, na falta de água no planeta, no excesso de lixo… E assim estaremos formando cidadãos. Cidadãos felizes, porque afinal como diz o próprio Milton: “O que é a felicidade plena que defendemos, em que prazer, utilidade e o bem estão de acordo? É o estado de espírito em que a pessoa consegue ser mais justa e generosa. É quando não existe o bem para si mesmo, só faz sentido se for para o outro”.
Assim como É Proibido Calar foi uma catarse na hora de ser escrito, quero dizer, meu caro Milton Jung, que do lado de cá, para esta leitora aqui, também foi assim. Li teus relatos com atenção, e compartilhei com angústia tuas dúvidas e teus questionamentos. Fechei o livro, ciente do meu dever de mãe e de formadora de dois cidadãos. Mas também de certa forma aliviada por saber que o caminho é longo e necessário, mas pode ser leve, pode ser de trocas e aprendizados entre eles e eu. E sobretudo pode ser de uma alegria imensa quando conseguimos observar, mesmo de longe, que a ética está lá nas pequenas coisas no dia-a-dia deles. Sinal que ensinamos mas aprendemos algo também.
Obrigada por dividir tudo isso conosco Milton!
É Proibido Calar! Precisamos falar de ética e cidadania com nossos filhos
Milton Jung
Editora Best Seller