A louca de Paris!
– Prazer, sou Lúcia, a Louca de Paris!
Nao sei, nao me pergunte a razão, nem quando isso começou… mas tenho uma doença: sou louca por Paris. Nao tenho nenhum motivo aparente pra isso. Meus antepassados não tem nada a ver com os franceses, nao tenho nenhum conhecido que more ou tenha morado lá e minha família nao tem relação com a França. Mas então, de onde vem isso? Será que das conversas que eu tinha com meu pai? Professor universitário e escritor sempre foi estusiasta da literatura e cultura fancesas. Sempre me encantavam os relatos que fazia de momentos da história de Paris.
Lembro de um dia quente de verão do início dos anos 80. Eu voltava na Brasília branca do meu pai com ele e minha mãe de um final de semana em Santa Terezinha, uma praia muito pequena e simples do litoral gaúcho – quem é do Rio Grande do Sul sabe o quão simples e pequena é Santa Terezinha…. Eu tinha 12 anos e entre uma conversa e outra me virei para os meus pais e fiz um pedido: – “posso estudar francês “? Surpresos, eles disseram que sim mas acho que nao acreditavam muito que a coisa fosse adiante. Mas foi.
Meus pais fizeram um esforço enorme e me matricularam na Aliança Francesa. Minha mãe me ensinou a andar de ônibus pra que eu fosse às aulas. Durante um ano e meio eu pegava dois ônibus, duas vezes por semana, e caminhava um bom trecho até chegar à rua João Manoel, no centro de Porto Alegre onde ficava a Aliança, que com sua querida professora Loura, me mostrou as belezes dessa língua extraordinária.
Anos 80… os brasileiros eram super norte-americanizados. Não preciso dizer que eu era a única criança naquela aula. Fui muito bem recebida mas tive dificuldades porque várias regras ortográficas eu aprendi primeiro em francês do que em português. Parei, dei um tempo, e já com uns 15 anos retomei minhas aulas. Estudei francês na Aliança, na escola de línguas da Escola Estadual Tubino Sampaio, no M. Roche, no Atelier des Mots. Em cada curso, com cada professora e cada colega fui descobrindo a cultura e a história da França e me apaixonando. E o sonho de conhecer Paris foi crescendo. Mas naquela época era muito mais caro vajar para o exterior, ainda mais para dois professores. Eu fiz uma promessa para conhecer Paris antes de completar 25 anos de idade. E deu certo! Mas quem cumpriu não foi o Santo. Foi o “santo” do meu pai!
Era janeiro de 1995. Eu tinha 23 anos. Ganhei a viagem de presente e fui para Paris com meus pais. A viagem foi cercada de preparativos, leituras, tudo bem planejado e organizado. Quando chegamos e deixamos as coisas no hotel, saímos imediatamente para caminhar. Meu pai sabia tudo, cada rua, cada monumento, cada caminho, sem nunca ter estado lá. Só pela paixão dele (e conhecimento!) pela cultura e história daquele lugar. Foi nos levando pela Rue de Rivoli até o Hôtel de Ville, edifício do século XIX, sede da Prefeitura de Paris. Fechou meus olhos e foi me conduzindo ate chegarmos a Pont Notre-Dame. Lá, disse: “pronto! Pode abrir os olhos e conhecer Paris”!
Abri. E tive a visão mais linda da minha vida! O Sena, ao entardecer, a Conciergerie à esquerda (até hoje um dos meus locais favoritos) e lá longe, ela, a Torre Eiffel. O meu coração parecia que ia sair pela boca, eu achava que ia enfartar, juro. Me abracei nos meus pais e choramos ali, juntos, abracadinhos, pela alegria daquele momento. Ali me contaminei definitivamente e peguei a “doença de Paris”.
Voltei pra Porto Alegre, segui trabalhando e conheci outro louco por Paris, Meneghetti, hoje meu marido. Depois de dois anos namorando e juntando dinheiro foi a vez de levá-lo pra realizar o sonho de conhecer Paris. Fiz a mesma coisa que meu pai havia feito comigo… caminhada pela Rue de Rivoli, o Hôtel de Ville , a Pont Notre-Dame. E a vista deslumbrante! Pronto, mais um “louco por Paris”!
Dezoito anos e muitas viagens se passaram. Todas, sem exceção acabavam ou começavam por Paris, afinal agora ja éramos um “casal louco por Paris”. Casamos, tivemos filhos. E quando os filhos cresceram resolvemos realizar outro sonho: o de mostrar a nossos meninos a beleza de Paris. Valentim tinha 6 anos e o Antônio 12. Foi a primeira viagem internacional da nossa duplinha. Planejamos detalhadamente a viagem durante um ano e meio. Lemos vários guias e revistas, assistimos a filmes e documentários com as crianças e preparamos um roteiro com a ajuda delas. Elas inclusive tiveram aulas de francês junto com a especial Valérie Gallien. Alugamos um apartamento durante um mês em frente ao Centro George Pompidou. No dia da chegada, seguimos o mesmo “ritual”: caminhamos pela Rue de Rivoli até o Hotel de Ville e os levamos até o ponto certo da Pont Notre-Dame de olhos fechados….
– “Pronto! Podem abrir os olhos se apaixonar por Paris”!
Adivinhem o que aconteceu? Passamos um mês incrível por lá, fizemos programas bem turísticos, mas apaixonantes como andar de barco pela rio Sena e visitar a Torre Eiffel, e outros nem tão clichês. Os guris viveram e adoraram essa cultura e hoje formamos uma “Família louca por Paris”. Seja qual viagem estiver nos planos, ela vai passar, em algum momento por Paris. E junto com a gente há uma “rede”de loucos por Paris. Tem o Roberto Correa, o Juarez e a Neca, a Liane, a Morgana, o Assis Brasil e a Valesca, nossa! Uma infinidade de pessoas com essa “doença”! Através dela trocamos ideias e alimentamos essa nossa paixão por essa cidade tão especial que é Paris.
Malu Meza bassi
23 de dezembro de 2017 @ 21:48
Adorei sua historia, meu sonho era conhecer a Itália já q minha sogra era de Firenze, e passei pela fase americanizada p.miito tempo, tt q só conheci a Europa esse Ano, Veneza Firenze e uma passadinha em Paris, s pretensão, resultado sou louca p Paris, tt q estou voltando em.junho p 22 dias em Paris, 3 em Roma…contando os dias!!! Paris e encantadora inebriante gruda na gente e vc só vive isso, só ouço música francesa, devoro livros e filmes sobre Paris e França, assisto tds as série…aiaiai desabafo ??????
Lúcia Mattos
24 de dezembro de 2017 @ 04:18
Oi Malu, adorei teu comentário! A gente fica viciada em Paris, né? Começa a dar ate uma espécie de “abstinência”… eheheh Vou postar bastante coisa de la aqui neste espaço mas tambem quero tuas dicas da Itália. Vou voltar à Italia depois de 17 anos em julho…. mas claro que vou dar uma passadinha basica em Paris…. ?
Ozemar Pessoa de Assunção
23 de dezembro de 2017 @ 22:56
Embora não a conheça, Paris é realmente uma cidade encantadora. Pela cultura, pelas obras arquitetônicas, pelo romantismo das suas canções, por seus cafés, pelas paisagens deslumbrantes. É fácil entender essa saudável “loucura”.
Lúcia Mattos
24 de dezembro de 2017 @ 04:16
Paris é um vicio saudavel Ozemar! Obrigada pelo comentário!
Juarez Gonçalves
24 de dezembro de 2017 @ 00:28
Lúcia…
Estou reescrevendo meu comentário pois acho que o primeiro, espontâneo e imediato, não teve o processo concluído [coisas de pessoas que se atrapalham com o ambiente eletrônico].
Li emocionado teu post da primeira à última frase. Adorei o ritual dos olhos fechados que só podem ser abertos diante da Îlle de la Cité, repetido por gerações… uma ótima ideia para um filme sobre Paris.
Eu também, a exemplo do teu pai, cheguei pela primeira vez em Paris com um mapa mental traçado por trechos da literatura local, histórias transcorridas na cidade ao longo de gerações, enfim, foi como encontrar pela primeira vez aquela paixão já construída por muitos e muitos diálogos sem o contato físico. E tudo era como o imaginado.
Então é isto, a loucura de que você fala e a qual nos identifica em um grupo específico é amor verdadeiro, somos pessoas que bebemos na fonte da poesia, da prosa, dos movimentos artísticos, dos grandes eventos históricos e de incontáveis narrativas que nos faziam viver Paris antes dela se materializar diante dos nossos olhos.
Agora é tarde, Paname já conquistou nossos corações e mentes de tal forma que, mesmo seus defeitos, nos tocam de forma mais branda, porque a gente não vê defeito quando está apaixonado.
Como diz a letra daquela canção maravilhosa de Piaf… “Et le ciel de Paris a son secret pour lui”.
Parabéns pelo post, pelo site e muito sucesso na “carreira solo”.
Lúcia Mattos
24 de dezembro de 2017 @ 04:20
Obrigada amigo querido, foi um prazer ter encontrado tu e a Neca neste 2017. Que tenhamos muitos anos ainda de amizade, de viagens e de boas energias! ?
Rosa
24 de dezembro de 2017 @ 07:16
Temos uma coisa em comum:Paris.
Lúcia Mattos
24 de dezembro de 2017 @ 14:53
Oi Rosa, entao somos duas “loucas por Paris”! ?
Lisiane Gil
24 de dezembro de 2017 @ 18:05
Eu tb sofro desta doença. Penso todos os dias no dia que vou retornar a Paris , pois já fui duas vezes. Entro nas livrarias aqui em Porto Alegre buscando livros sobre Paris e a França. Me atiro em todos Kkkkkk. Realmente acho que estou louca!! Não consigo pensar em viagem para outros lugares que não seja ou passe por lá. Obrigada por eu saber que não sou a única! Merci
Lúcia Mattos
25 de dezembro de 2017 @ 12:02
Ahahaha, adorei teu comentário Lisiane! Me identifiquei… ja teve viagem que eu fiz que nem comentei que ia dar de novo uma passadinha por Paris pq as pessoas me achavam louca e diziam -“ vai conhecer outros lugares,só quer ira pra Paris”!! Kkkkkk ?
Felipe
13 de março de 2018 @ 21:02
Não conheço Paris, porém, fiquei encantando ao assistir o filme, meia noite em Paris. A onde o personagem(um escritor)vive suas memórias e interage com grande artistas dos séculos passados…Belo texto!
Lúcia Mattos
20 de março de 2018 @ 12:00
obrigada pela leitura e pelo elogio Felipe! O cinema e os livros são uma forma linda de viajar também!
SARA SOUZA
25 de setembro de 2018 @ 21:20
Oi Lúcia, muito massa saber que existem outros loucos por Paris. Digitei no google sem muita pretensão “louca por Paris, porque assim me denomino”…imediatamente abri o seu relato e amei.
Minha estada em Paris foi curta, aliás, curtíssima demais para o meu gosto! Mas não havia tempo, nem grana para ficarmos mais. Passamos 2 dias somente, após termos ido a Portugal e depois seguimos para a Irlanda, onde estava a minha filha.
Sonho todos os dias em voltar a Paris. Sei que um dia concretizarei esse sonho. Acho que vou começar a estudar francês kkkkk
Tenho chinelo com a Torre Eiffel, toalha, blusa, etc. Ela é lindaaa!
Assim como você, não sei de onde vem essa “loucura”, mas amoooo!
Bjs, Sara.
Lúcia Mattos
26 de setembro de 2018 @ 09:34
Sara querida,
adorei ler teu comentário! Na verdade descubro a cada dia mais “loucos por Paris”. Já estamos virando uma comunidade….kkkk O que é bom é que todos se ajudam com dicas sobre a cidade. Por isso, quando fores pra lá, me escreve que te mando algumas sugestões. Em julho deste ano fiz uma viagem para a Itália mas como meu marido e eu somos loucos por Paris, tivemos de dar uma passadinha por la…. ehehe. Em breve vou postar textos de fotos do que vimos por lá e pela Franca, que é toda linda! Espero que continues me acompanhando! Beijos
SARA SOUZA
25 de setembro de 2018 @ 21:35
Você nunca pensou em morar lá em Paris? Eu penso nisso todo dia…
Ah, seus filhos são lindos!
Lúcia Mattos
26 de setembro de 2018 @ 09:35
Pensei muito e penso ainda. Estudo francês e acho que ano que vem concluo meu curso. Quem sabe não é a chance de ir? Beijos